Na 25ª edição da Fenearte, o Programa Bom Prato ofereceu ao público muito mais do que comida: serviu histórias de vida, afetos e memórias ancestrais que brotam diariamente nas Cozinhas Comunitárias de Pernambuco. Promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas (SAS), a ação integrou a maior feira de artesanato da América Latina com oficinas gastronômicas e a presença afetiva da Bike Food — iniciativa que reuniu cultura alimentar, empreendedorismo feminino e inclusão social.
Nos dias 09, 14, 15 e 16 de julho, o espaço gastronômico da Fenearte se transformou em um verdadeiro palco de emoções. Na oficina Sabores e Saberes, cozinheiras e cozinheiros das Cozinhas Comunitárias compartilharam receitas carregadas de afeto e ancestralidade. Cada prato servido era mais que uma refeição: era uma narrativa viva de tradições, superações e encontros entre passado e presente.
A abertura da programação, em 9 de julho, trouxe a força da culinária indígena, com o chef Jackson Francisco dos Santos, da Cozinha Comunitária Raízes Indígenas, da Aldeia Caldeirão do Povo Pankararu, em Jatobá. Em sua apresentação, ele preparou o prato Opará em Três Ecos, inspirado na ancestralidade e na espiritualidade que atravessa a comida. “Meu contato inicial com a cozinha foi na infância. Hoje, tenho a honra de integrar uma cozinha onde o alimento dialoga com as raízes, a terra e o cuidado. É desse lugar de criação e memória que nasce o Opará em Três Ecos”, compartilhou emocionado.
Outros momentos de puro encanto vieram com histórias como a de Maria do Carmo da Silva Filha, de São Vicente Ferrer — a “Mãos de Fada” — que emocionou o público com seu Peixe assado na folha de bananeira com farofa de banana. Para ela, participar da Fenearte foi uma experiência única. “Fazer um prato típico da minha cidade, valorizar a bananeira, sua folha, seu fruto, foi incrível. Só tenho a agradecer por esse espaço. Foi a primeira vez que participei dessa feira e quero voltar outras vezes”, disse. Também participou Luiz Vieira de Pontes Neto, de Sanharó, que apresentou o Falso Estrogonofe de Frango e relembrou seu início na cozinha: “Comecei sem saber fritar um ovo. Hoje, sou cozinheiro, formador e inspiração para outros jovens da minha cidade. A cozinha me devolveu o propósito, me fez acreditar de novo”.
A Bike Food, iniciativa do projeto Reduzindo Distâncias, fruto da parceria entre o Governo de Pernambuco e a Solar Coca-Cola, também marcou presença como espaço de circulação de sabores, oportunidades e realização de sonhos. Entre as beneficiárias, Dona Esmeraldina, da Cozinha Comunitária do Cabo de Santo Agostinho, que participou do curso de qualificação do projeto e atuou na ação, não escondeu a alegria de fazer parte desse momento. “Realizando um sonho de estar aqui na Fenearte, a maior feira da América Latina, vendendo doces e salgados feitos por mim mesma. Isso só Deus que usou o Projeto Solar Coca-Cola, a Associação Karis e o Governo de Pernambuco para me proporcionar esse momento, que me motivou a me qualificar e que está me gerando renda”, afirmou, emocionada.
Para Carlos Braga, secretário de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas, levar as Cozinhas Comunitárias à Fenearte foi mais que uma ação institucional — foi um gesto de reconhecimento e respeito. “Essas cozinhas são centros de afeto, de memória e resistência. Nelas, o alimento é mais do que nutrição: é cuidado, identidade e transformação. Levar essas histórias e sabores para a Fenearte foi dar voz e visibilidade a quem constrói dignidade todos os dias com o que coloca no prato”.
Já Felipe Medeiros, secretário executivo de Combate à Fome, reforçou que a participação do Bom Prato na feira reafirma a gastronomia como expressão cultural e instrumento de mudança social. “Cada receita apresentada foi uma obra de arte coletiva — carregada de memória, criatividade e sentido de comunidade. A culinária acessível, além de alimentar, emociona, resgata e empodera”.
A participação do Programa Bom Prato na Fenearte 2025 celebrou, mais uma vez, o compromisso do Governo de Pernambuco em valorizar a cultura alimentar popular, promover o empreendedorismo e incluir, por meio da arte de cozinhar, centenas de mulheres e homens que atuam nas mais de 200 Cozinhas Comunitárias espalhadas pelo estado.
Texto: Fernando Junior e Rafaela Albuquerque
